Sandra Benites, da etnia Guarani Nhandewa, é a primeira pessoa indígena a ocupar uma diretoria na instituição.

Fotografia: Aju Paraguassu | Edição CCOM Funarte

No dia 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, neste mês marcado pela luta e resistência dos povos originários do nosso país, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assinou a nomeação da nova Diretora de Artes Visuais da Fundação Nacional de Artes - Funarte, Sandra Benites, que agora passa a compor a diretoria colegiada da instituição. Da etnia Guarani Nhandewa, Sandra Benites é a primeira pessoa indígena a ocupar uma diretoria na Funarte. A nomeação foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, 20 de abril.

A presidenta da instituição, Maria Marighella, ao anunciar a composição da Diretoria em sua gestão, afirmou que "a Funarte precisa espelhar a pluralidade, a cara e a energia de nosso povo, que se levanta por direitos, pela valorização de diferentes saberes, modos de vida e perspectivas".

Para a nova diretora de Artes Visuais, "fazer arte é a existência indígena como parte do todo, é algo que exige outras partes desse todo, a própria relação de cuidado com os territórios e com os seres não humanos". "Os materiais naturais utilizados marcam a resistência indígena na produção artística", destaca Sandra Benites.

Conheça Sandra Benites

Nascida na Terra Indígena Porto Lindo, município de Japorã (MS), em 1975, Sandra Benites é mãe, pesquisadora e ativista Guarani. Atua como antropóloga, curadora de arte e educadora.

Destaca-se por suas lutas em defesa dos direitos dos povos indígenas, sobretudo da demarcação dos territórios e da educação Guarani. Suas reflexões emergem de experiências com o “conhecimento das mulheres Guarani” (kunhangue arandu), resultando em debates e trabalhos acadêmicos, que fazem frente à colonização do conhecimento imposto por certo modo hegemônico de produção de saberes que pouco se dedicou às mulheres indígenas, não apenas no Brasil, mas nos diversos países habitados pelos povos Guarani. Dentre suas publicações, encontram-se artigos nos volumes "Descolonizando a museologia" e "Ações e saberes Guarani, Kaingang e Laklãnõ-Xokleng em foco".

É mestra em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); professora de Ensino Fundamental e Médio; e licenciada em História e Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi curadora da exposição "Dja guata Porã | Rio De Janeiro Indígena" no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). Também foi curadora adjunta no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Atuou como supervisora e consultora da programação cultural e exposição no Museu das Culturas Indígenas de São Paulo. Ministrou palestras em diferentes instituições do mundo, entre elas, no Hammer Museum, MoMA e Peabody Museum de Harvard. É coautora, com a artista brasileira e curadora Anita Ekman, da exposição "Ka'a Body - Cosmovision of the Rainforest", em Londres (Paradise ROW) e Paris (Radicantes).

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