os Protagonistas do Fragmento: Cristhian, Jean (Malu Silva) Wanderlon e Marcelo
Esta importante atividade, que reúne a Federação Árabe Palestina do Brasil, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e a Central Única dos Trabalhadores e na qual temos uma exposição fotográfica e a exibição do documentário Palestina: Fragmentos de uma história acontece num dia, o dia 30 de março, que é o Dia da Terra, uma das mais importantes datas da resistência palestina, do seu calendário nacional.
Cabe, então, conhecermos um pouco sobre esta data, uma parte da história palestina, que tem ao menos 12 mil anos. Tratou-se de uma rebelião de camponeses palestinos contra o confisco e expropriação de 2,5 mil hectares de terras agricultáveis na região de Nazaré, uma reaçãoao continuado processo de limpeza étnica, inaugurado ainda em dezembro de 1947. Ela se deu no dia 30 de março de 1976. Foi uma greve geral destes camponeses, na cidade palestina de maior população cristã.
A reação das forças armadas de Israel foi brutal, com 6 mortos, entre 100 e 200 feridos, muitos com gravidade, e centenas de presos. O pretexto da expropriação era a segurança, mas era, de fato, para instalar mais colônias exclusivamente judaicas, para estrangeiros recém-chegados.
Era a continuidade da limpeza étnica, num processo de expulsão da população originária e sua substituição por uma estrangeira, numa política de colonização por assentamento. Era o seguimento, ainda, de uma política de descristianização da Palestina, processo que já levou a que os palestinos de fé cristã componham menos de 2% da população de toda a Palestina Histórica, aí considerando o que hoje em dia se denomina Israel.
Nossa Editora com Embaixador Ibrahim Alzeben e mesa da palestra com diretora do SimproDF |
Os palestinos cristãos já foram 11% da população. Isso mudou a partir de dezembro de 1947, quando os estrangeiros euro-judeus sionistas começam a limpeza étnica e a tomada da Palestina Histórica, especialmente terras de forte presença cristã. A Galileia, região norte da Palestina, onde está Nazaré, foi uma das mais afetadas.Foi quando 774 cidades e povoados palestinos foram ocupados, dos quais 531
totalmente destruídos; 70 massacres cometidos, com mais de 15 mil mortos, incontáveis feridos e mutilados e dois terços da população originária, a palestina, expulsa pelos estrangeiros recém-chegados.
Foram tomados, pela força, pelo terror, pelas matanças e pela expulsão 78% do território da Palestina histórica e desta parcela de território, dos seus 900 mil habitantes palestinos não-judeus, portanto, cristãos e muçulmanos, perto de 800 mil foram mortos ou expulsos, quase 90%. Isso jamais foi presenciado ou documentado na história humana. É esta a razão de se denominar estes eventos como NAKBA, como CATÁSTROFE, a grande
catástrofe palestina.
Em 1948, os palestinos cristãos eram ao redor de 150 mil. Em 1949 estavam reduzidos a 34 mil. Agora, mal chegam a 200 mil em toda a Palestina. Só para se ter uma ideia desta tragédia, um dado estarrecedor: os cristãos armênios eram, no ano de 1948,somente em Jerusalém, 15 mil. Hoje são ínfimos 4 mil em toda a Palestina.
Some-se a isso o declínio na taxa de natalidade entre os palestinos cristãos, atualmente em 1,93 por família. Essa é a menor taxa de natalidade na Palestina Histórica, ocupada por Israel. Se considerarmos as famílias judias, por exemplo, a média de filhos a 2,43 e nas famílias muçulmanas chega a 2,60. Isso acontece por uma série de fatores, mas um deles é destacável: a acentuada fuga de jovens palestinos de fé cristã, dadas as perseguições e ouras dificuldades impostas pela política supremacista e de judaização da Palestina promovida por Israel.
Se em 30 de março de 1976 houve o grande massacre dos camponeses em Nazaré e sua região agrícola, no ano seguinte outra ação israelense deixou bem mais claras as reais intenções do regime supremacista de Israel: editou uma lei proibindo conversões do judaísmo ao cristianismo. Entretanto, um cristão pode se converter ao judaísmo, em clara ideia de acabar com o cristianismo na Palestina, seu berço.
E hoje ainda mais clareza: por iniciativa dos parlamentares judeus ultraortodoxos MOSHÉ GAFNI e JACOB ASER, do partido “Judaísmo Unido da Torá”, um projeto de lei estipula “proibição de compartilhar o pensamento cristão ou falar publicamente sobre a fé cristã em Israel”.
Na prática, serão atingidas pela nova lei todas as pessoas que produzirem materiais as missas podem levar à prisão de até dois anos.Nunca esqueçamos que cidade de Nazaré, palco dos acontecimentos que nos levam
a lembrar o Dia da Terra desde 1976, é o berço do cristianismo. É a cidade onde viveu Nela estão:
Santuário/Basílica da Anunciação, que marca o lugar onde o Anjo Gabriela nunciou o nascimento de Jesus a Maria.
Igreja da Carpintaria de São josé, que é o local que a tradição apontou ser o
lugar de trabalho do pai de Jesus.
Igreja Mensa Christi, que, de acordo com a história, é o lugar onde Jesus fez sua
refeição com os apóstolos, após a Ressurreição. Na Palestina vivem muitos cristãos não-palestinos, devido à sua importância para a fé cristã, a quantidade de igrejas e outras instituições administradas por enviados pelo Vaticano e outras ordens. Mas perto de 80% dos cristãos são palestinos e a maioria vive no norte da Palestina, na Galileia, onde está Nazaré, onde ocorreram os eventos de 30 de
março de 1976.Logo, se percebe a importância deste evento para além de um confisco de terra. Ele é parte indissolúvel da tentativa de descristianizar a Palestina e judaíza-la, conforme o projeto supremacista, racista, de apartheid que é o regime de Israel desde que se fez nascer na Palestina.
E por derradeiro, se percebe também o quanto é importante o Dia da Terra no calendário nacional palestino e porquê devemos, todos os anos, lembrar do crime de lesa-humanidade cometido por Israel em 30 de março de 1976. Seguiremos lembrando desta
data até quando for necessário à Palestina e à humanidade, a todos que adotaram o monoteísmo como a senda reta, em que um deus não étnico e desracializado informou que somos todos iguais, sem distinção de raça, cor, credo, riqueza, nacionalidade ou qualquer outra. Até que vivamos num mundo sem ódio, intolerância, supremacismos, guerras e genocídios, limpezas étnicas e apartheids.
Palestina Livre a partir do Brasil, 30 de março de 2023, 75º ano da Nakba.
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