Publicação reúne artigos de escritores negros sobre temas que vão de cinema à saúde mental. Única autora de Brasília, jornalista Carolina Martins assina capítulo sobre maternidade afrocentrada
Em meio às discussões no Congresso para tornar mais rígida a punição para o crime de injúria racial, será lançado em Brasília o livro TINHA QUE SER PRETO, que surge como mais uma potente ferramenta para fortalecer o debate antirracista.
A publicação reúne 25 artigos de escritoras e escritores negros sobre os mais diversos temas - todos atravessados pela discussão racial. Desde o acesso ao mercado de trabalho e à educação, até a relação com o cabelo, a descolonização dos afetos e a representação no audiovisual. O objetivo é ressignificar a expressão que dá título ao livro“tinha que ser preto”, revelando como pessoas negras se destacam em todas as áreas profissionais, apesar do preconceito.
Única autora de Brasília, a jornalista Carolina Martins assina um artigo sobre matripotência - conceito da filosofia africana para a força de transformação gerada pela maternidade. Mãe de um menino de três anos, ela usa o capítulo para falar sobre o entendimento de aldeia no cuidado com as crianças e sobre a possibilidade de resgate quea maternidade afrocentrada representa. “A oportunidade de cuidar do próprio filho foi, ainda é, retirada de muitas mulheres negras na nossa sociedade. Escravizadas, deixaram de amamentar suas crianças para servirem como amas de leite.
Hoje em dia, muitas precisam deixar os filhos em casa para serem babás de outras crianças. Como mulher negra, criar meu filho e falar sobre maternidade preta é uma forma de reparação histórica”,conclui a jornalista. Carolina lembra, no entanto, como ainda há batalhas a serem vencidas. “Os desafios são inúmeros. Vão desde fortalecer a autoestima de uma criança negra, que vai ouvir comentários preconceituosos sobre o cabelo, até cobrar o direito dela aprender na escola a História da África, a história do povo dela”. A escritora conta que o objetivo do livro é engajar toda sociedade, pessoas negras e não negras, nessa luta.
O lançamento acontece dia 04/06 (sábado), no Verri Gastronomia (215 norte), com a presença da jornalista para uma tarde de autógrafos. A publicação estará à venda no local.
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