Oito companhias de dança encerram a temporada de montagens com recursos acessíveis de audiodescrição e Libras, no canal da Fundação no YouTube.A Fundação Nacional de Artes -
Funarte lança a quinta e última etapa do Festival Funarte Acessibilidança, no dia 13 de outubro, quarta-feira, às 20h, on-line. Companhias de dança da Região Sudeste vão mostrar o talento e a diversidade local por meio de oito espetáculos premiados, em vídeos com audiodescrição e Libras. Performances inclusivas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo ficarão disponíveis para acesso gratuito no canal da Funarte no YouTube (bit.ly/
A programação começa com Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA, do Rio de Janeiro, no dia 13 de outubro, às 20h. O trabalho coreográfico narra a história de vida de Analú, ex-atleta paralímpica de judô e, atualmente, artista cênica. No palco, a protagonista contracena com o seu companheiro Elder Oliveira e o seu “anjo” Cauã, um cão-guia. A obra híbrida une técnicas de dança, teatro, circo, judô e audiovisual. “Uma história contada por quem não vê, que pretende ampliar horizontes, abrandar sentimentos e aflorar desejos e conquistas para todos os públicos”, reforça o grupo. “Seja um cão ou uma pessoa, o importante é que sempre temos nossos anjos”, reforça a artista.
Já a Pulsar Cia. de Dança, também do Rio, apresenta Olhares Ímpares, no dia 15 de outubro. O espetáculo em vídeo celebra os 20 anos de existência da companhia e contará com a participação de antigos e atuais integrantes dos seus projetos coreográficos. A Pulsar foi uma das pioneiras no Brasil a ter em seu elenco artistas com ou sem deficiência, buscando potencializar o movimento com corpos ímpares. “Tenho olhos para sentir. Quero lhe falar sobre o olho da interioridade. Olho da boca, olho da orelha, olho da pele, olho do tato. Um olho aquático. Que boia, desliza, evapora. (...) Vejo dois pedaços de pernas, e uma fração de pés entrelaçados”, reflete o grupo, ao explicar a obra de dança inclusiva.
Conexões, de São Paulo, estreia no Festival no dia 20 de outubro. O trabalho da Trupe CircoDança conta a história de um escritor em crise. Em cena, ao se deparar com objetos afetivos — neste caso, uma caixinha de música, um manton (xale) e um violoncelo —, ele aciona sua memória. Logo depois, dedica-se ao trabalho de escrever poesias, por meio das conexões de seus pensamentos com os artistas que povoam sua mente criativa. Dez bailarinos e acrobatas interpretam as cenas, baseadas nos pensamentos dele. Enquanto o escritor cria seu próprio universo, os personagens surgem em sua mente e apresentam performances, tornando sua escrita cada vez mais criativa.
A montagem mineira Húmus será lançada na plataforma de vídeos no dia 22 de outubro. A bailarina Renata Mara assina a concepção e a direção. A artista tem baixa visão, ocasionada por uma doença degenerativa da retina. A obra reflete uma estética da sensação, trazendo a sensibilidade da bailarina para o seu fazer em dança. “A diversidade dos corpos em cena evidencia tanto as particularidades e habilidades dos bailarinos quanto a inexorável condição humana, marcada pela espiral de nascimento e morte. Humano, humilde, enraizado na terra. A palavra ‘húmus’ indica: substância orgânica, amorfa, proveniente da decomposição vegetal e animal que revitaliza e fertiliza o solo”, explica a artista.
No dia 27 de outubro, a Cia. Carioca sobre Rodas, do Rio de Janeiro, exibe Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino. O trabalho foi criado a partir do projeto Carioca sobre Rodas, mesmo nome da atual companhia. O objetivo principal era ensinar dança de salão para cadeirantes, além de promover a diversidade na dança, inserir os dançarinos na sociedade e trabalhar os benefícios que a modalidade proporciona ao corpo e à mente. O vídeo apresenta as singularidades da dança de salão adaptada aos bailarinos cadeirantes e andantes, ressaltando a diversidade com a inclusão de dançarinas idosas e plus sizes. “Por todo esse tempo, crianças e adolescentes cadeirantes tiveram a oportunidade de experimentar os benefícios que a dança traz para suas vidas, por meio da inclusão social com os andantes, além dos benefícios físicos e psicológicos”, conta o grupo.
Elementos disponíveis para outras composições, também do Rio, será lançada no dia 29 de outubro. A Cia. Gente compilou três obras do criador da companhia, Paulo Emílio Azevedo: Procedimentos de 1 Pseudópodo (2009); Procedimento II Urbano (2008), e Gudubik (2011). Para a criação da obra, novas cenas foram incluídas, para produzir um redimensionamento do olhar sobre a diferença e rearranjos estéticos pautados na diversidade corporal. Segundo o grupo, a intenção é fomentar o diálogo com o público sobre a diferença. “Desse modo, sugerem-se interações a partir de outras representações possíveis e positivas do corpo com deficiência, avançando, artística e epistemologicamente, sobre a categoria inclusão, a fim de nascer a ideia de protagonismo. Limitações passam a ser consideradas como possibilidades estéticas”.
Abrindo o mês de novembro, no dia 3, o Núcleo Quimera de Criações, de São Paulo, exibe Annata. O projeto surgiu da união de três artistas: um coreógrafo; um bailarino e artista visual; e um videomaker. O objetivo era unir vivências artísticas diferentes em uma única criação, que envolvesse dança, música, literatura, artes plásticas e vídeo. Os textos Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke; Coríntios – 13.1, de Paulo de Tarso; e A Tempestade, de William Shakespeare, foram as fontes de inspiração para a obra. A narrativa traz um homem/anjo que viaja pelas formas de expressão corporal do minimalismo e explora a liberdade de movimentação da dança contemporânea. A peça coreográfica aborda a relação idealizada entre anjos e humanos, anseios, infortúnios e a busca constante por unidade. Victor Andreuci, artista com Síndrome de Down, é o protagonista.
Para encerrar a agenda da primeira edição do Festival, no dia 5 de novembro, Só se fechar os olhos, de São Paulo, chega à plataforma de vídeos. A obra coreográfica do Coletivo Desvio Padrão propõe um mergulho na audiodescrição, para fazer emergir temas de grande alcance, que buscam tocar nas camadas mais profundas dos processos mentais. A concepção e a performance são assinadas por Maria Fernanda Carmo e Mariana Farcetta. “O duo de dança só acontece dentro da mente daqueles que são cegos ou daqueles que topam fechar os olhos para viver essa experiência de estar privado da visão. O texto que descreve essa dança inusitada, escrito por Edgar Jacques (ator e dramaturgo cego desde a infância), é narrado pelas performers, imóveis em cena. O criador dessa montagem nunca viu uma obra de dança. E isso lhe permite criar o que bem entender”, explica o grupo.
Sobre o Festival
A primeira edição do Festival Funarte Acessibilidança foi criado a partir das ações do Prêmio Festival Funarte Acessibilidança Virtual 2020. No concurso público, foram premiados 25 projetos de vídeos de espetáculos, que promovem o acesso de todas as pessoas à arte. O objetivo do processo seletivo é valorizar e fortalecer a expressão da dança brasileira, bem como fomentar a democratização, a inclusão e a acessibilidade.
Com a iniciativa, a Funarte busca realizar novas ações a partir do uso das mais recentes tecnologias, estendendo, desse modo, um novo modelo para todo o Brasil. Assim, a Fundação reforça seu compromisso de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país; e de atuar para que a população possa cada vez mais usufruir das manifestações artísticas. Criada em 1975, a Funarte segue, portanto, empenhada em acompanhar as transformações no cenário artístico e social.
O coordenador de Dança, Fabiano Carneiro, destaca a importância do projeto e já adianta uma série de desdobramentos e conexões que estão sendo estabelecidas a partir do lançamento do programa inédito na instituição. “O Festival Funarte Acessibilidança tem um papel de extrema relevância para a classe artística e para a sociedade, ao contemplar a participação de artistas com e sem deficiência em sua programação. O festival proporciona, ao público espectador, uma agenda diversificada e totalmente acessível por meio dos canais digitais da Funarte. Estamos planejando a segunda edição do Festival e, em breve, vamos realizar encontros virtuais entre os artistas das diferentes regiões do Brasil”, ressalta o coordenador.
Festival Funarte Acessibilidança
Acesso gratuito, no canal: bit.ly/
Com audiodescrição e Libras
Agenda dos contemplados da Região Sudeste
Espetáculo Coisa de Anjo, da Cia. ILTDA (RJ)
Dia 13 de outubro, quarta-feira, às 20h
Montagem Olhares Ímpares, da Pulsar Cia. de Dança (RJ)
Dia 15 de outubro, sexta-feira, às 20h
Espetáculo Conexões, da Trupe CircoDança (SP)
Dia 20 de outubro, quarta-feira, às 20h
Montagem Húmus, da bailarina Renata Mara (MG)
Dia 22 de outubro, sexta-feira, às 20h
Espetáculo Diversidade na dança através da singularidade de cada bailarino, da Cia. Carioca sobre Rodas (RJ)
Dia 27 de outubro, quarta-feira, às 20h
Montagem Elementos disponíveis para outras composições, da Cia. Gente (RJ)
Dia 29 de outubro, sexta-feira, às 20h
Espetáculo Annata, do Núcleo Quimera de Criações (SP)
Dia 3 de novembro, quarta-feira, às 20h
Montagem Só se fechar os olhos, do Coletivo Desvio Padrão (SP)
Dia 5 de novembro, sexta-feira, às 20h
Espetáculos disponíveis no canal da Funarte no YouTube
Região Norte: Lua de Mel, da Cia. Lamira Artes Cênicas (TO); Maculelê: Reconstruindo o Quilombo, do Grupo de Dança Reconstruindo o Quilombo (RO); e Solatium, do Corpo de Dança do Amazonas (AM)
Região Sul: Flamenco Imaginário, da Cia. Del Puerto (RS); Convite ao Olhar, da Cia. de Dança Lápis de Seda (SC); e Do Avesso, do Grupo Nó Movimento em Rede (PR)
Região Nordeste: Estado de Apneia, do Grupo Movidos Dança Contemporânea (RN); Ensaio sobre o Silêncio, da coreógrafa Taciana Gomes (PE); Maré - Versão virtual e acessível, do Coletivo CIDA (RN); Rio sem Margem, do bailarino Elísio Pitta (BA); de Plenitude, da Cia. de Dança Eficiente (PI); Ah, se eu fosse Marilyn!, do coreógrafo Edu O. (BA), e Proibido Elefantes, da Cia. Gira Dança (RN)
Região Centro-Oeste: Capão Dançante, da Cia. Theastai de Artes Cênicas (MS); Depois do Silêncio, da Arteviva Produções Artísticas e Universo Criativo (DF); Rodas em Dança: Livre e Lives, da Cia. de Dança Street Cadeirante (DF), e TransBordar, do Grupo de Dança Diversus (GO)
Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte | Centro de Artes Cênicas | Coordenação de Dança
Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo | Governo Federal
Mais informações para o público: danca@funarte.gov.br
Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação – Funarte
ascomfunarte@funarte.gov.br
Outras ações e editais da Funarte: www.funarte.gov.br
0 Comentários