Diretor substituto da Vigilância Sanitária, André Godoy dá dicas de comportamento durante festas de fim de ano e alerta para o perigo das aglomerações
André Godoy: “O momento é de evitar aglomeração. A taxa de transmissão está alta” | Foto: Breno Esaki
O fim do ano se aproxima e, com ele, as festividades de Natal, Ano Novo e as tradicionais confraternizações familiares, de trabalho e entre amigos. Mas, em 2020, as comemorações não vão ser do jeito que muitos gostariam por causa da pandemia de Covid-19, cuja chamada “segunda onda” está em curso em muitos países. Ainda assim é possível aproveitar, desde que com moderação – e, principalmente, segurança.
A constatação tem fundamento na ciência. A Agência Brasília conversou com o diretor substituto da Vigilância Sanitária do DF, André Godoy, para saber quais cuidados devem ser tomados durante as comemorações, nas compras, em supermercados e com relação ao uso da máscara protetiva. Veja abaixo como tornar seu fim de ano mais agradável e seguro para você e para todo mundo.
Quais cuidados devem ser tomados durante as confraternizações de fim de ano?
A principal recomendação é não aglomerar. Independentemente de ser ou não da mesma família, pessoas que não coabitam no mesmo domicílio devem permanecer distantes, respirar e falar longe, protegidas com máscaras. O momento é de evitar aglomeração. A taxa de transmissão está alta, estamos em crescimento, numa bem provável segunda onda que, em outros lugares, demonstrou ser ainda pior que a primeira.
Qual o protocolo de segurança para esses encontros?
As principais recomendações são a de dar preferência a ambientes abertos ou bem ventilados, manter a distância entre as pessoas que não coabitam no mesmo ambiente e, ao utilizar elevadores, fazê-lo individualmente ou com pessoas da mesma residência. Também é necessário higienizar as mãos com frequência utilizando água e sabão e, se não tiver, com álcool 70%.
Durante as festividades, o contato físico é permitido? Abraçar, beijar as pessoas…
Todos devem evitar, infelizmente, contato físico com as pessoas que não são de seu convívio diário. Caso o encontro seja em lugar fechado, evitar o convívio por muito tempo e manter o distanciamento respeitando a ocupação espacial de quatro metros quadrados por pessoa, no máximo. Ou seja, se o ambiente tiver 40 metros quadrados, deve limitar a dez pessoas, no máximo, naquele ambiente e abrir as janelas para maior ventilação.
Algum cuidado especial na ceia ou refeição?
Quanto à alimentação é preciso esclarecer que a transmissão não se dá pelo alimento. A preocupação não é a de deglutir um alimento com o vírus. Conforme demonstrado em várias pesquisas, isso não proporciona a transmissão. Melhor é se preocupar em não respirar perto, não tossir ou espirrar diretamente próximo a alguém e higienizar as mãos ao manipular utensílios, não sendo necessário levar pratos separados.
Na hora de servir a comida, que tipos de cuidados as pessoas devem ter? E o compartilhamento de objetos?
As refeições e ceias devem ser realizadas na mesma mesa somente para pessoas de convívio diário. O maior cuidado no momento de se servir é o distanciamento e a higienização das mãos antes e depois de se servir. Não é necessário o uso de luvas, mas isso não elimina a necessidade de higienizar as mãos.
“Em todos os momentos da confraternização – caso seja inevitável que ela ocorra –, o uso da máscara é necessário“
André Godoy, Vigilância Sanitária do DF
Para quem vai ao mercado comprar legumes, frutas e carnes para as festividades, muda alguma coisa em relação à higiene?
Durante as compras no mercado devemos ter todos esses cuidados. Higienizar os alimentos e embalagens ao chegar em casa, sem necessidade de procedimento especial. O alerta é com a preocupação de não contaminarmos por veiculação das mãos, que podem ser levadas ao nariz, boca e olhos. Sempre que houver talheres e utensílios compartilhados devemos higienizar as mãos. Sejam firmes com aquele tio que gosta de conversar enquanto alguém serve a comida.
Como agir com o uso da máscara ao beber ou comer alguma coisa durante a comemoração?
Em todos os momentos da confraternização – caso seja inevitável que ela ocorra –, o uso da máscara é necessário. A retirada da máscara deve ocorrer com as pessoas sentadas à mesa e respeitando o distanciamento ao consumir alimentos e bebidas.
E nos restaurantes, o que muda para clientes e estabelecimentos?
Os restaurantes devem cumprir todos protocolos, manter o distanciamento das mesas de dois metros a contar das costas da cadeira da mesa mais próxima. Respeitar a ocupação espacial de, no máximo, 4 metros quadrados por pessoa, considerando que só está permitida a utilização de 50% da capacidade do local justamente para isso. O serviço de buffet ou autosserviço não é adequado. Se for inevitável o buffet, o restaurante deve evitar filas e propiciar que o cliente higienize as mãos no início e no final do serviço. Atendentes, garçons e pessoas que tiverem contatos com muitos clientes recomenda-se o uso da proteção face shield, além da máscara facial.
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