Localizado em três pontos estratégicos da capital (veja serviço), o Ceam está de portas abertas para receber, acolher, aconselhar, empoderar e encaminhar mulheres para uma vida de paz longe dos agressores.
“Atendemos mulheres que procuram espontaneamente o serviço ou indicações de outros componentes da rede. Elas são avaliadas por uma equipe psicossocial formada por assistentes sociais, psicólogos e advogados, para identificar as demandas e as vulnerabilidades da situação e saber onde é necessário intervir”, explica o psicólogo Luiz Henrique Aguiar, do Ceam 102 Sul.
Não é preciso ter feito boletim de ocorrência: basta aparecer na porta ou agendar um horário por telefone para o atendimento. “O melhor encaminhamento possível para a situação específica que uma mulher está vivendo será amadurecido junto com ela. Se há algum outro problema, sugerimos outros órgãos da rede. Dependendo da urgência, tudo pode ser feito em um único dia”, conta Aguiar.
O Ceam também oferece rodas de conversa para que as mulheres em situação de violência doméstica troquem experiências. Elas são avaliadas individualmente para definir se estão no momento emocional adequado para estar com outras mulheres e, a partir de então, participam de pelo menos seis encontros semanais. Em grupo, falam sobre o ciclo de violência, as alternativas para rompê-lo e as situações de risco.
“Acaba sendo algo muito terapêutico, apesar de o objetivo não ser esse. Há também grupos que trabalham o lado artístico, buscando uma expressão do sentimento dessas mulheres que se encontram fragilizadas. O foco é ajudar no empoderamento para que elas tenham mais recursos e forças para romper situações de violência”, conta Luiz Henrique.
O psicólogo explica que elas costumam chegar ao Ceam encaminhadas ou de livre e espontânea vontade, mas, quase sempre, depois de um episódio recente de violência. “São mulheres anestesiadas do ponto de vista psicológico, que, para sobreviver à relação, precisam anular a própria percepção que têm dessa violência. Elas sabem que sofreram, mas não conhecem a dimensão, a complexidade e a gravidade”, diz.
A violência física costuma ser acompanhada de assédio moral, psicológico, sexual e até patrimonial. Segundo Aguiar, este último fator tem sido uma das reclamações mais comuns nos atendimentos recentes.
Para garantir a dependência financeira e a ligação ao relacionamento, o parceiro confisca o salário da mulher e disponibiliza apenas uma quantia irrisória para que ela se sustente durante o mês. Assim, além de não conseguir se manter, a vítima tem dificuldades para sair da relação.
“Sem autonomia financeira, independência e apoio familiar, ela acaba ficando à mercê do agressor”, diz.
O trabalho do Ceam é importante e está crescendo: uma reforma recente aumentou o número de funcionários e sedimentou a parceria com a Defensoria Pública, que agora está presente para apoiar juridicamente a vítima. Para o psicólogo, os próximos passos são firmar convênios com as pastas que cuidam de saúde, trabalho e educação.
Porém, há dificuldades. Além da barreira cultural de entender a violência como algo normal, que se resolve dentro de casa, e da necessidade de qualificação constante da rede de enfrentamento, falta conhecimento por parte da população do que existe para protegê-la. “É um serviço que precisa ser mais divulgado. É algo extremamente especializado e com profissionais qualificados, temos um potencial muito maior”, diz.
Serviço
Ceam 102 Sul – Estação do metrô da 102 Sul, Asa Sul, Plano Piloto. CEP: 70330-000. Telefone: (61) 3223-7264. Localizador: https://goo.gl/maps/Gp8NWt7KVqm
Ceam Planaltina – Jardim Roriz, Área Especial, Entrequadras 1 e 2, Centro, Planaltina. CEP: 73340-112. Telefone: (61) 3389-8189
Ceam Ceilândia – QNM 2, Conjunto F, lotes 1/3, Centro, Ceilândia. CEP: 72210-020. Telefone: (61) 3373-6668
Funcionamento de segunda a sexta, das 8h às 18h
Credito: Metróples DF
https://www.metropoles.com/violencia-contra-a-mulher/df-possui-pontos-de-acolhimento-para-vitimas-de-violencia
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