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Última contagem de mulheres que relataram ter sido vítimas do médium é de nove dias atrás: 206, de 14 Estados e outros 6 países.
Esse é, sem dúvida, o maior caso que eu já vi de abuso sexual, não só no Brasil, mas no mundo". A frase da promotora Gabriela Manssur, do Ministério Público de São Paulo, resume a sensação de grande parte da equipe de investigação que está trabalhando com a enxurrada de denúncias de abusos sexuais contra João Teixeira de Faria, o médium João de Deus. Preso desde domingo, ele nega as acusações.
A investigação está concentrada no Ministério Público e na Polícia Civil de Goiás, em Goiânia, a 90 quilômetros de Abadiânia, cidade onde João de Deus criou a Casa de Dom Inácio de Loyola, em 1976. Era ali que o médium fazia seus atendimentos espirituais - e também onde teriam ocorrido os abusos, em uma sala privada. Mas, como há vítimas espalhadas pelo Brasil, órgãos de outros Estados estão colaborando, como o MP de São Paulo.
"O número de casos é de fato surpreendente, de proporções inesperadas, de forma que não seria possível a atuação individual sozinha", disse à BBC News Brasil a promotora de Abadiânia, Cristiane Marques de Sousa, responsável pelo caso.
Em apenas dois dias, entre 10 e 11 de dezembro, 206 mulheres de 14 Estados e outros 6 países entraram em contato com o Ministério Público de Goiás para relatar episódios de abusos, distribuídos entre a década de 1980 e outubro deste ano.
Desde então, as mensagens começaram a se avolumar e já superam o número de 500, mas não se sabe quantas são de pessoas que dizem ser vítimas. Um novo balanço está sendo feito e deve aumentar o número de possíveis vítimas.
Para lidar com esse volume de relatos, tanto o Ministério Público como a Polícia Civil de Goiás criaram forças-tarefas, coordenadas entre si. Em Goiás, há sete promotores e sete delegados trabalhando no caso. Em São Paulo, Estado de origem de grande parte das denunciantes, também foi criado um grupo de apoio à força-tarefa goiana no Ministério Público, com três promotoras - entre elas, Gabriela Manssur.
Foto: João Sérgio/Ascom MPGO / BBC News Brasil
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/como-trabalha-a-forca-tarefa-que-investiga-denuncias-de-abuso-sexual-contra-joao-de-deus,1b203affa7028fcaf849d92c63737990hrk65cky.html
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